quarta-feira, 10 de abril de 2019



[1]Cerislei de Faria Pinheiro
Resumo

Palavras chaves: Virtudes, Autismo, Inclusão


Introdução

A inclusão é um preparo para a vida em comunidade, dando oportunidade às crianças autistas de conviver com crianças que não possuem a síndrome e vice-versa, consiste na ideia de que todos os cidadãos devem ter o direito de ter acesso ao sistema de ensino, sem segregação e discriminação, seja por causa do gênero, religião, etnia, classe social, condições físicas e psicológicas, etc.
A prática das virtudes é pouco entendida em nossa sociedade atualmente, por esta razão esquecida em nosso cotidiano, falar deste tema não é inovar, inventar moda, mas uma forma de resgatar ações que se perderam com a vida moderna. Então, a virtude é uma maneira de ser. Quando adquirida, pode a vir ser duradoura, algo belo e verdadeiro, pois é a própria essência humana. “São nossos valores morais, não aqueles que apenas admiramos, mas o que vivemos em ato”. Para [2]Comte-Sponville (1998) Virtudes são todos os hábitos que levam o homem para o bem, como indivíduo social ou espiritual, virtude de vir, homem, a potência racional que inclina o homem para o bem. A teoria de Aristóteles inspira pesquisas na área da moralidade e para este, a moral é entendida como busca da felicidade e que esta é impossível sem o exercício das virtudes.
Este é, portanto, um artigo voltado à prática das virtudes, que espera proporcionar aos professores, leitores, uma reflexão sobre a postura pedagógica educacional e uma visão de como navegar nas rotas dos mares educacionais orientados por uma bússola que aponta, entre outros, os seguintes pontos cardeais: Polidez, Prudência, Generosidade, Perseverança.



No processo de inclusão, a instituição e os professores demandam tanta atenção quanto o aluno (CAMARGO; BOSA, 2009). Na inclusão é o sistema educacional e social que deve adaptar-se para receber a criança. A Educação inclusiva é caracterizada como uma política social que se refere a alunos com necessidades educacionais especiais, tomando-se o conceito mais amplo, que é o da Declaração de Salamanca, UNESCO (2003, p.17-18): O princípio fundamental desta linha de ação é de que as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições, físicas, intelectuais, emocionais, linguística e outras. Devem acolher crianças com deficiência ou bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham, crianças de populações distantes ou nômades, crianças de minorias linguísticas étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas.
Para Stainback & Stainback (1999, p.21) “O ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos – independentemente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas”. Há a necessidade de orientar os professores, tornando-os capacitados a identificar corretamente as necessidades de seus alunos com autismo. Pesquisas mostram que esses profissionais demonstram um certo receio principalmente com relação a agressividade das crianças autistas, o que deixa muito clara a falta de conhecimento sobre o tema, uma vez que a agressividade não é um comportamento necessariamente característico.
Apesar de ainda não existir uma metodologia formal exclusiva para a alfabetização de crianças com transtornos globais do desenvolvimento, muitas delas podem aprender a ler e a escrever. O processo de ensino, porém, leva tempo e o resultado é variável, de acordo com o perfil neuropsicológico da criança (MERCADANTE; ROSÁRIO, 2009). 7 Ideias e conceitos não condizentes com a realidade sobre o autismo, principalmente a partir da mídia, influenciam as expectativas do professor sobre o desempenho de seus alunos, afetando seu modo de agir de forma eficaz (CAMARGO; BOSA, 2009). Quando não há ambiente apropriado e condições adequadas à inclusão, a possibilidade de ganhos no desenvolvimento concede lugar ao prejuízo para todas as crianças. Diante de uma inclusão adequada, mesmo com a criança apresentando deficiências cognitivas importantes e dificuldades em relação aos conteúdo do currículo da educação comum, ela pode ser beneficiada com as experiências sociais. O papel do professor é fundamental. É preciso planejar uma estratégia educacional que minimize as dificuldades da criança de forma que ela possa se integrar e desenvolver de acordo com as possibilidades. Segundo Camargo e Bosa (2009), a noção de uma criança não-comunicativa, isolada e incapaz de mostrar afeto não corresponde às observações atualmente realizadas. As habilidades sociais são passíveis de serem adquiridas pelas trocas que acontecem no processo de aprendizagem social. Crianças com desenvolvimento típico fornecem modelos de interação para as crianças com autismo. A oportunidade de interação com pares é a base para o seu desenvolvimento, logo, a convivência compartilhada da criança com autismo na escola dá oportunidade aos contatos sociais, fazendo com que as outras crianças aprendam com as diferenças.
As dificuldades encontradas ao trabalhar com crianças autistas nas escolas, de acordo com as falas dos professores são: dificuldades de comunicação-interação; agressividade do aluno, estereotipias, rituais, medo, insegurança, dúvidas quanto à prática pedagógica e à identificação de um aluno com autismo; relacionamento com familiares e falta de equipe de apoio e recursos técnicos. No que se refere às questões educacionais evidenciam-se, nas últimas duas décadas, preocupações quanto à função do professor na promoção do desenvolvimento de habilidades nas crianças com autismo (GOLDENBERG, 2002).
 No caso de professores de alunos autistas, o que se percebe é uma tendência a focalizar os comprometimentos da criança em detrimento das habilidades que ela possui ou possa desenvolver. Há uma visão distorcida da síndrome, baseada em crenças pré-concebidas, que influencia as expectativas do professor sobre o desempenho de seus alunos, o que por sua vez, afeta a eficácia de suas ações quanto à promoção de habilidades.
É fundamental para o professor entender o perfil individual do comportamento de cada criança e adotar expectativas realistas sobre seu desenvolvimento. Crenças e confusões por parte dos professores estendem-se desde a etiologia até as expectativas no processo de aprendizagem. Para grande parte do conhecimento sobre autismo faz-se com base no comprometimento e não sobre as suas potencialidades, criando um espaço propício para o surgimento de ideias rotuladas acerca desses indivíduos. Considerações Finais Os estudos deixaram clara a necessidade de realizar mais pesquisas relacionadas ao tema autismo e inclusão. Ainda é grande a falta e preparo dos professores e da população em geral para lidar com essas crianças.
É a qualidade do relacionamento professor-aluno que torna o processo educativo e a escola significativos para o educando. É preciso que os professores sejam capacitados para atender à crescente população de crianças com autismo. Infelizmente ainda é grande o número de pessoas que enxergam esses indivíduos de forma errônea e acabam não realizando a inclusão da melhor forma possível a esses alunos. Mas em todas as pesquisas estudadas, ficou clara a importância da inclusão dessas crianças em escolas regulares para promover experiências de socialização atividades diárias, tornando-as o mais independente possível e isto torna-se mais fácil com uma prática voltada as virtudes.

1. Polidez.
Se você for educado e simpático, as pessoas ficam dóceis e obedientes. Assim, a polidez faz com a natureza humana o mesmo que o calor faz com a cera.

Polidez é a boa educação, é dizer: Bom dia! Boa tarde! Boa Noite! Obrigado! Por favor! É algo, no entanto, em que a virtude se inicia, e da maneira que temos de praticá-la
“Imitando virtude”, escreve André Comte-Sponville,
“tornamo-nos virtuosos. (…) A polidez antecede a moral e a torna possível. (…) Nós devemos primeiro adquirir a “aparência e maneira de bom “, não porque eles são suficientes em si, mas porque eles podem nos ajudar a atingir a única coisa que eles imitam – a virtude -., e que é adquirido apenas por essa imitação”
            De acordo com este filósofo francês, a polidez, diz ele, é necessária para que cada um se inicie na ética. Nas virtudes. De algum lugar, na infância, é preciso começar. E a maneira como ele explica é genial.
Uma criança, não consegue simplesmente distinguir as coisas por critérios morais. O que é moralmente certo do que é moralmente errado. Só deixa de fazer o que machuca aos outros (do que machuca a ela mesma o instinto dá conta) quando um adulto diz para não fazer. “É feio” e ponto.
A criança aprende pela regra imposta, sem entender por que faz aquilo. Não faz porque mandaram não fazer. Aceita a aparência da virtude, sem ser virtuosa ainda. Faz o movimento externo, sem ter aquilo ainda em si.
É essa a virtude da polidez. De nos levar a fazer, pelo menos enquanto não estamos prontos para fazer por escolha, a coisa certa. E de tanto repetir aquela escolha, nos adaptamos a ela. E o que era mecânico, depois do hábito e da reflexão, já mais tarde, vira virtude.
O respeito sincero pelos direitos alheios, tanto nos assuntos pequenos como naqueles de maior importância, a gentileza legítima, o bom gosto e o autocontrole. Tais coisas jamais sairão de moda.
Ela não é de forma suficiente para ser educado, mas é um começo. Aprendemos a ser bons para os outros antes de saber por que isso é necessário: nós praticamos até termos que fazê-lo como um estilo de vida.
Algumas pessoas possuem um “instinto cortês” tão forte que mal precisam de cultivá-lo, mas a grande maioria deve se contentar em se desenvolver através do estudo e da prática. Cabe a nós adquirir, em primeira instância, um senso de igualdade e benevolência, bons sentimentos, magnanimidade e autocontrole.
Na prática pedagógica com autistas é preciso ensinar pelo exemplo, no mundo autista não funciona o “faz o que eu mando, mas não faz o que eu faço”, o problema primário, que caracteriza o pensamento de indivíduos portadores de autismo, é a inabilidade de dar sentido às suas experiências. Eles atuam em seus ambientes, podem aprender habilidades, alguns podem aprender a usar a linguagem, mas não têm capacidade intrínseca de entender o significado de suas atividades.
Eles não estabelecem relações entre ideias e eventos. Seu mundo é consistido por uma série de experiências e demandas sem relação umas com as outras. Os temas, conceitos, razões ou princípios subjacentes são, para eles, tipicamente obscuros. Este sério prejuízo na geração de sentido está, provavelmente, relacionado a várias outras dificuldades na construção do pensamento. Eles apresentam habilidade limitada em priorizar a relevância destes detalhes, Alunos com autismo são, com muita frequência, muito bons na observação de detalhes minúsculos, especialmente os visuais. Se o professor manter uma postura polida de boa educação ele o imitará, o contrário também acontece.
Um determinado aluno autista depois de observar sua professora falar aos seus alunos para calarem a boca, ele começou a falar para seus colegas ou qualquer outra pessoa para calar a boa, ele aprendeu com o exemplo.
Dentro da sala de aula há situações psíquicas significativas, nas quais os professores podem atuar tanto beneficamente quanto, consciente ou inconscientemente, agravando condições emocionais problemáticas dos alunos. Por exemplo, as crianças autistas não compreendem como se estabelecem as relações de amizade. Algumas não têm amigos, enquanto outras pensam que todos em sua sala de aula são seus amigos.
Os alunos podem trazer consigo um conjunto de situações emocionais intrínsecas ou extrínsecas, ou seja, podem trazer para escola alguns problemas de sua própria constituição emocional (ou personalidade) e, extrinsecamente, podem apresentar as consequências emocionais de suas vivências sociais e familiares.
Por isso uma Prática Pedagógica voltada para os bons costumes o levará a uma socialização saudável, para haver este ambiente favorável, se faz necessário o cumprimento desta boa educação na sala de aula, tanto pelos alunos como pelos professores, pois os bons modos mostram, ao próximo o respeito que lhe é dirigido, pois um dos objetivos da educação é o de formação ética e a Educação Moral é um antídoto ao comportamento violento da sociedade.


Generosidade
“É belo dar quando solicitado; é mais belo, porém dar por haver apenas compreendido”.
Khalil Gibran

Qual é o lugar do homem? Onde os seus irmãos precisarem dele; dizia Madre Tereza de Calcutá, mas às vezes esta mulher de coração entregue ao semelhante, ia mais longe: “Não quero que deis da vossa fartura: quero que deis até doer”.
            Ser generoso nessas condições pode parecer ironia nesta época de violência na qual vivemos. O Brasil ocupa a [3]10.ª posição no ranking dos cem países que mais matam por armas de fogo, conforme dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) divulgados em 2014.
A posse de armas de fogo é fator determinante para a ocorrência da maior parte da violência registrada no País.
João Guimarães descreve bem esse pensamento, “Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens”? A generosidade trata de dar algo que faltará de alguma forma, para quem está dando, e se prende à subjetividade, singularidade, afetividade e espontaneidade.
Ser indivíduo generoso é agir não em conformidade com a lei, com alguma indicação estruturada e pré-determinada, mas para além disso. Entregar-se sem esperar nada em troca. Este é o perfil do professor generoso, mostrar-se sempre pronto a ajudar e atender seu aluno, doando o seu tempo, tanto em sala de aula como fora dela, buscando sempre fazer o melhor. O professor generoso ensina com prazer e importa realmente com as necessidades de seus alunos, não fazendo por obrigação, mas por encanto, ele deixa de fazer algo importante pra si mesmo e investe seu tempo em seu aluno, fazendo com satisfação.
A generosidade não é uma virtude da obrigação ou do dever, mas da voluntariedade e do prazer, sua bondade é espontânea, sem fingimento, faz em qualquer lugar e aprecia verdadeiramente os outros, presta ajuda necessária sem retribuição, neste caso, me refiro ao das maiores queixas dos professores, “não receber formação para atender os alunos com autismo”, não existe uma receita pronta, mas existe a vontade de se doar ao aprender e fazer a diferença.
Ser um professor generoso é de suma importância. Muitos problemas do cotidiano colocam as pessoas completamente envolvidas consigo e dando pouca atenção a quem as rodeia, desta forma a prática de uma virtude como a generosidade colabora nesta saudável convivência entre os indivíduos.
Queremos nesta oportunidade, mostrar uma frase de Cury que nos atende: “Não podemos esquecer que, nós devemos dar nossa parcela de contribuição para gerar uma humanidade mais saudável” (CURY, 2003, p. 65).
Para sermos generosos e saímos de nosso egoísmo, precisamos, antes de tudo, perseverar em nos conhecermos o melhor possível. A generosidade, segundo Comte-Sponville (1998), se baseia num autoconhecimento, nos liberta inteiramente, nos faz senhores de nossas paixões.
“Que nossa finalidade maior seja formar indivíduos para o bem. E, como bem, podemos compreender indivíduos felizes, cooperativos, capazes de atender as suas necessidades e ajudar nas de outrem”. (LIMA, 2000, p. 60)
Ter uma Prática Pedagógica com generosidade é ir além de seus conteúdos programáticos é usar um pouco do seu precioso tempo para atender as dificuldades de seu aluno que não conseguiu terminar a atividade, é olhar nos olhos de seu aluno e entender qual é a sua real necessidade, é conversar com seu aluno e perguntar como foi seu dia, se está tudo bem, sempre há o que fazer, observe, preste atenção, não se prenda apenas a teoria, entregue-se as necessidades reais de seus alunos e eles receberão uma educação impactante demonstrado na sua generosidade.
Certa vez um aluno autista do 9º ano de uma determinada escola estadual fez suas necessidades fisiológicas na roupa, a professora que atendia este aluno negou ajuda-lo a se limpar, ele precisou ser levado a uma segunda pessoa para ajuda-lo o que foi negado novamente, nesta movimentação o aluno estava em crise, sujo, com vergonha do ocorrido pois muitas autistas tendem a apresentar altos níveis de ansiedade; eles estão frequentemente frustrados ou a ponto de ficarem frustrados. Uma dose desta ansiedade é provavelmente devido a fatores biológicos. Além disto, a ansiedade pode ser resultado das constantes confrontações com o ambiente, que é imprevisível e opressivo. Por causa de seus déficits cognitivos, as pessoas com autismo têm dificuldade em entender o que é esperado deles e o que está acontecendo ao seu redor; a ansiedade e a agitação são reações compreensíveis diante deste constante grau de incerteza., houve muito constrangimento, uma outra professora fora do contexto de atendimento ofereceu para ajudar.
Um professor movido pela generosidade vai além do estabelecido na sua prática cotidiana, a generosidade não está no falar, mas na ação, no fazer o além do que se espera dele. A Prática Pedagógica necessita de professores generosos para tornar a inclusão dos autistas na sala de aula regular.


Prudência

"À hora de consertar o telhado é quando o sol está brilhando.”
-- John F. Kennedy
Se a polidez é o princípio para um desenvolvimento moral, a prudência é a condição para esta realização, já que prudência significa uma virtude que consiste em prever e evitar faltas e perigos; cautela; precaução; moderação. (RIOS, 2002). Entretanto, tais aptidões instintivas para o bem, precisam ser efetivadas e desenvolvidas para que a realização do homem se dê. É então no agir prudente que o homem se faz, na medida em que as ações que pratica sejam condizentes com sua condição de abertura para a totalidade do real.
A prudência aparece, deste modo, enquanto razão prática e sabedoria concernente às coisas humanas. É a partir dessa virtude que o homem pode aplicar o conhecimento da realidade à realização do bem. Ela orienta o homem para o ser, para a perfeição, através da ilimitada variedade que constitui o mundo.  A prudência só é uma virtude quando a serviço de um fim estimável. [...] Não é possível ser homem de bem sem prudência, nem prudente sem virtude moral. A prudência não basta à virtude A prudência aconselha, a moral comanda. Portanto precisamos de uma e de outra, solidariamente. (COMTE-SPONVILLE, 1998, p.42) 

Prudência, uma virtude que consiste em prever e evitar faltas e perigos; cautela; precaução; moderação. (RIOS, 2002)
Entretanto, tais competências para o bem, precisam ser efetivadas e desenvolvidas para que a realização do homem se dê. É então no agir prudente que o homem se faz, na medida em que as ações que pratica sejam condizentes com sua condição de abertura para a totalidade do real.
A prudência aparece deste modo, enquanto razão prática e sabedoria concernente às coisas humanas. É a partir dessa virtude que o homem pode aplicar o conhecimento da realidade à realização do bem. Ela orienta o homem para o ser, para o agir certo, através da ilimitada variedade de ideias e influências que constitui o mundo.
Segundo Comte-Sponville a prudência é uma virtude quando a serviço de um fim estimável [...] pg. 42, para este autor não é possível ser um homem de bem sem prudência, nem prudente sem ética moral, neste caso precisamos de uma e de outra solidariamente.
As demais virtudes necessitam da prudência, já que a realização do bem, em qualquer aspecto ou situação, só é possível com a realidade e verdade das coisas, discernida pela prudência.
Não adianta, por exemplo, ser generoso com um aluno dando-lhe dez na média final, sabendo que este aluno não conseguiu produzir as atividades propostas. Mesmo que as intenções tenham sido boa, sua ação não condiz com a realidade das coisas, portanto, não atinge o objetivo proposto de fazer o bem, embora o sujeito tenha tido a vontade de fazer o bem, não foi orientado em sua ação pelo conhecimento da realidade, faltou prudência no seu ato de caridade, porque o aluno não conseguiu realizar a atividade? A atividade não foi devidamente adaptada para seu nível de entendimento? Neste sentido, é por meio da prudência que o homem atinge seu autocontrole, fazer o bem sim, mas condizente com a realidade.
Ser prudente é também não agir precipitadamente. Para decidir corretamente, devemos enxergar a verdade prudentemente, trata-se, portanto, antes de tudo, de uma capacidade intelectual de ver o real, mas não de um real teórico, e sim do concreto, saber discernir no aqui e agora o que vai ser útil para meu aluno autista, o que é necessário que ele realmente aprenda do currículo que irá ser útil no seu dia a dia e para isso precisamos de uma visão de águia.
Um exemplo: se determinado aluno autista não consegue acompanhar os demais colegas de sala de aula, qual deve ser a atitude do professor em relação a este caso? Primeiramente talvez possamos pensar que, o professor irá agir de maneira a ignorar a situação, bem, se não agir de maneira prudente, talvez seja esta a resposta.
Porém, se for um professor que busca a causa do real, estuda as possibilidades e venha intervir com precisão, então podemos considerar que este professor agiu prudentemente, pois o professor prudente é capaz de valorizar a cultura da criança e, a partir da associação dessa cultura e da cultura letrada, promover uma construção do conhecimento, nisso se encontra a proposta construtivista, da valorização dos conhecimentos existentes.
O Homem prudente é capaz de agir se valendo da justiça, a qual é uma das virtudes constantemente chamadas à tona nas relações pedagógicas, pois essa se compõe de carência, de necessidade e de conflito, e a sua ausência ou presença é desencadeadora de uma didática da formação moral ou amoral , na qual o aprendiz há de se espelhar.
O homem prudente é atento, não apenas ao que acontece, mas ao que pode acontecer; é atento, e presta atenção.
Dessa maneira, o educador precisa ter essa virtude prudente como norteadora de suas decisões, é preciso que ele sempre associe as decisões tomadas a partir de uma análise segura do concreto digamos, por exemplo no caso de conflito, ninguém pode tomar uma decisão justa se não conhece a realidade: como as coisas são e em que pé estão.
A realização do bem concreto pressupõe sempre o conhecimento da realidade, isso pode se exprimir também através do agir humano, que é bom e ordenado quando procede da verdade, que afinal de contas nada mais é que o vir a encarar a realidade. E a escola que busca a visão de uma educação inclusiva, transformadora, deve partir do conhecimento da realidade de seus alunos, acreditando que a educação é uma forma de intervenção no mundo, o que exige um comprometimento com o ensinar.
Precisamente este é o sentido da Prudência e de sua posição privilegiada, que tanto quanto possível vejamos a realidade, que nós vejamos como realmente são os elementos que compõem a situação que exige de nós uma decisão. Assim, já podemos começar a vislumbrar a importância das virtudes nas relações de ensino.
Assim, a construção de uma ação, educativa que busca suas diretrizes na Prudência são importantíssimas, pois nos permite estar atento, não apenas ao que acontece, mas ao que pode acontecer. Dessa maneira, fica imprescindível que o professor na sua prática pedagógica tenha essa virtude como norteadora de suas decisões, firmando a realidade de suas decisões entre o útil e o desnecessário.

Perseverança
"Uma pequena fé levará tua alma ao céu; uma grande fé trará o céu para sua alma." (Charles Spurgeon)
O conceito de Perseverança no dicionário é ter firmeza ou constância num sentimento, numa resolução, num trabalho, apesar das dificuldades e dos incômodos, é insistir, permitir que nossos sonhos durem, persistem. Logo, esta virtude é que contribui para o êxito na vida humana, pois, ela permite ao indivíduo progredir, ter sucesso em suas iniciativas, a presença desta virtude capacita o ser humano a concluir sempre todas as tarefas a que se programou.
A perseverança é a amiga aliada para a superação de todos os desafios, sendo necessária para assimilar as demais virtudes e para livrar-se de todas as negatividades. Mas porque é tão difícil ser perseverante? Porque desistimos quando precisamos continuar? Há pelo menos três fatores que se destacam como obstáculos à perseverança: O medo, a falta de confiança e o desânimo.
A perseverança é indispensável a todos, pois é no dia a dia que construímos o que somos, portanto, a manutenção persistente daquilo que almejamos é fundamental, a constância permite um resultado melhor.
            A perseverança permite ao indivíduo progredir, ter sucesso em os seus empreendimentos, pois não tolera preguiça, desalento, falta de ânimo. Não importam as circunstâncias ou obstáculos, a presença desta virtude capacita o ser humano a concluir sempre todas as tarefas a que se programou.
Sócrates, que se comparava a uma mosca para os atenienses, declarou com absoluta seriedade em seu julgamento (segundo a apologia de Platão), “Enquanto eu respirar não pararei de praticar a filosofia, de exortá-los a meu modo e de apontar a qualquer um que eu encontre: és um ateniense, um cidadão da maior cidade, com melhor reputação de sabedoria e de poder; não te envergonhas do teu interesse em possuir tanta reputação, tantas riquezas e honras e não cuidar da sabedoria e da verdade, do melhor estado possível do teu espírito?” (BENNETT, 1995, p. 345)
Sócrates foi persistente, porém condenado, mas sua morte não foi suficiente para calar suas idéias, “enquanto ele foi meramente condenado à morte, seus acusadores, pelo mesmo ato, foram condenados ao mal” (BENNETT, 1995, p. 345). A perseverança compreende, assim, a continuidade nos esforços feitos na mesma linha, sem o qual o empreendimento humano está fadado à esterilidade. Quando observamos que muitos planos não se concretizam é porque o poder de realização não correspondeu à faculdade de concepção.
Por essa razão a perseverança é virtude de poucos, pois seu valor aparece nas horas mais difíceis: quando enfrentamos tribulações ou sofremos injustiças. Quando tudo vai bem, é fácil continuar firme, ficamos felizes, o sol parece estar mais forte e as flores mais coloridas. Quando meu aluno é produtivo, tira boas notas é fácil a prática educativa, mas quando se trata de acolher aquele aluno que tem dificuldade em algum ponto da aprendizagem, necessita-se de uma postura perseverante, não desistir, procurar o melhor método e meio de ensino para que ele venha ter um bom desenvolvimento nos seus estudos.
Assim, a perseverança é uma grande aliada para a superação de todos os desafios, pois caminhar sem destino é como realizar um passeio por simples entretenimento, este é bom mas a responsabilidade nos cobra, logo, ser perseverante é imprescindível para assimilar as demais virtudes e para livrar-se de todas as negatividades.
A perseverança na educação se enquadra mediante as dificuldades cotidianas de se educar, vê-se a necessidade de agir com maior rigor, utilizando-se de um planejamento a ser compreendido e discutido entre todos aqueles que convivem com as crianças. É importante criar um método que ajude no processo educacional. Não obstante, agir organizadamente traz mais harmonia, além de gerar a gostosa sensação de se estar cumprindo a vital missão: educar o ser humano para uma vida mais plena.
As possibilidades favoráveis são ilimitadas para aqueles que despertam com nova esperança em seus corações, estas encontrarão forças para fazerem a diferença, por acreditarem que o homem é mais do que um animal sobre a terra. “Willian Faulkner (1897 – 1962) fez um discurso pequeno e espetacular, na noite de 10 de dezembro de 1950, em Estocolmo, na Suécia, ao receber o Prêmio Nobel de Literatura” (BENNETT, 1995, p. 380)
No processo educacional, alguns pontos chaves se destacam, pois eles determinam o grau de êxito em cada caso que são: sacrifício, acordo, objetivos, conhecimentos, perseverança. e generosidade. É no dia a dia é que se constrói a educação, portanto, a sua manutenção persistente é fundamental, a constância permite um resultado bem melhor.
Vale lembrar a questão humana presente na vida familiar o quanto se está envolvido com os filhos e as influências causadas em virtude de comportamentos, tolera-se ou não certos comportamentos infantis de acordo com algumas experiências passadas dos pais, tais como o choro, dificuldades etc.
Quando as crianças chegam na sala de aula, não é muito diferente, pois seus professores se enquadram no perfil de seus pais. Mas professores perseverantes não desistem nunca e sempre lutam para alcançar os ideais do dia a dia da sala de aula.
Em Freire (2002) educar é construir, é libertar o ser humano das cadeias do determinismo, reconhecendo que a História é um tempo de possibilidades. É um ensinar certo como quem fala com a força do testemunho. É um ato comunicante, coparticipado, de modo algum produto de uma mente burocratizada.
No entanto, toda curiosidade de saber exige uma reflexão crítica e prática, de modo que o próprio discurso teórico terá de ser aliado a sua aplicação prática. Por outro lado, Freire insiste na especificidade humana do ensino, enquanto competência profissional e generosidade pessoal, sem autoritarismo e arrogância.
Consequentemente, não se poderá separar “prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor de respeito aos alunos, ensinar de aprender” (FREIRE, 2002, p.106-107).
Um educador que deseja ser perseverante no que acredita não se limita ao desafio da inclusão, não se limita as dificuldades do suporte oferecido a inclusão, ele não estaciona-se ao desconhecido, ele enfrenta, pesquisa e cria oportunidades para que seu aluno com Transtorno do Espectro Autista evolua, socialize-se e supere suas dificuldades.


 CONCLUSÃO

O estudo objetivou realizar uma observação das práticas pedagógicas, na inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista, podemos concretizar a importância do professor nesse processo, não apenas como portador do conhecimento teórico e técnicas de Ensino, mas como pessoa virtuosa que tem na sua rotina de sala de aula a boa educação, que dê ao seu aluno autista a oportunidade de aprender através de sua atitude a importância de tratar bem o outro, com palavras gentis e ações que moldam o seu caráter.
Professores generosos que valorizam o seu tempo de aprendizagem, a importância do seu crescimento na socialização, que doam o seu tempo para oportunizar a integração de seu aluno na íntegra.
Professores Prudentes que sabem da importância do seu aluno e os levam a uma ampliação dos seus saberes, adaptando quando necessário suas atividades, cumprindo o currículo escolar com aquilo que realmente é útil para o dia a dia do aluno e sobretudo entenda que eles estão ali para crescer e não apenas para passar um tempo. E sobretudo professores que mesmo com as dificuldades enfrentadas são perseverantes, não desistem em meio as dificuldades.
Ser este professor é possível e isto nos torna pessoas melhores tanto na Prática Pedagógica como em nosso relacionamento diário.
           







[1] Acadêmica do curso de Pós-graduação no Curso de Autismo nu Grupo Educacional Faveni
[2] Comte-Sponville, André. Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. 2 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009
[3] https://www.todamateria.com.br/violencia-no-brasil/

terça-feira, 9 de abril de 2019

Antes do Sol





09/04/2019
Depois de alguns meses resolvi escrever.




Bom dia! 



O nascimento do nosso filho diagnosticado com Síndrome de Sotos e autista de 2º grau, teve um impacto na nossa vida tanto emocional, financeira e no dia-a-dia  e, também, na organização psíquica deste. E começamos imaginar as especificidades e demandas de cuidados por toda a vida, como as responsabilidades essenciais com a educação, a socialização e a proteção e cuidados redobrados. 
Estas atribuições provocam em nós a vivência de sentimentos diversos, mas com o passar dos anos percebemos que se deixarmos tocar pela profundidade destas vivências poderíamos encontrar grandes possibilidades e transformação pessoal.
E a cada dia nos surpreendemos com cada obstáculo vencido e ele nos surpreende pelo seu empenho e doçura. 
Para vencermos precisamos entrar e entender o seu mundo, assim crescer junto com ele.

Como é seu mundo? Segue uma poesia. Estou inspirada:) 

Bjus  

mãe: Cerislei de Faria Pinheiro

Antes do Sol


Antes do sol

Samuca desperta
E com seu brinquedos
Sempre conversa

O seu mundo é tudo

Para entrar nele pode se fazer de mudo
Contudo que estejas pronto
Para entender o seu encanto

Neste mundo o tempo não passa

Então ninguém se atrasa
Com o futuro não preocupa
Então ninguém se ocupa

Muitos não o compreende

Por isso ele se defende
Vamos juntos espalhar
Que ele o nosso mundo entende

É alto e bonito

Com habilidades e muitos talentos
Preste atenção! Fique atento.
Que logo você descobre quanto conhecimento.